Entre os dias 1 e 4 de maio, eu participei da edição brasileira, a primeira fora da Europa, do Web Summit, criado em 2009 pelos executivos Paddy Cosgrave, David Kelly e Daire Hickey, e se consolidou ao longo da última década como um dos maiores eventos de empreendedorismo, inovação e tecnologia do mundo.
A conferência começou em Dublin, na Irlanda, terra natal de Cosgrave, hoje diretor-executivo da empresa que organiza a iniciativa. A partir do ano de 2016, a programação migrou definitivamente para Lisboa, em Portugal.
Na edição de 2022, em Lisboa, o Web Summit reuniu 71.033 pessoas vindas de 160 países. Os ingressos esgotaram três semanas antes do início do evento. Já aqui no Brasil, em sua primeira edição, recebeu mais de 20 mil participantes e movimentou cerca de R$ 67 milhões na economia carioca, de acordo com a prefeitura do Rio de Janeiro.
De acordo com o Ministério da Economia de Portugal, apenas em 2022, a conferência injetou 279 milhões de euros na economia local (aproximadamente R$ 1.640 milhões na cotação atual).
Em 2020, a empresa que organiza o Web Summit começou a articular a criação de uma versão sul-americana em 2023. Em seu Twitter, Cosgrave indicou que, em um primeiro momento, cinco países foram cogitados. Foi quando o Brasil foi o escolhido. A partir daí diversas cidades manifestaram interesse em se tornar sede, mas o diretor-executivo indicou que o Rio de Janeiro receberia o evento.
Vale ressaltar o papel de relevância do Brasil, que o próprio Paddy Cosgrave, um dos fundadores do Web Summit, mencionou durante a abertura do evento.
Mas qual é a importância de um evento deste porte para o Brasil e quais os impactos práticos no nosso cotidiano?
Um evento de tecnologia global traz consigo a inovação como pano de fundo que se encontra presente em toda a cadeia produtiva.
Se analisarmos a informação do censo demográfico de 2022, com base nos dados coletados pelo IBGE em todos os municípios brasileiros, em que o Brasil tem 207,8 milhões de habitantes, percebemos o quanto necessitamos avançar na tecnologia e garantir a inclusão digital, principalmente se levarmos em consideração que boa parte da população ainda não se apropriou do uso da internet.
Em meu último artigo, destaquei o relevante papel do setor da tecnologia na relação de consumo que possibilita o acesso aos menos favorecidos e anteriormente excluídos desta relação, um melhor desempenho nas transações financeiras, melhor planejamento do tempo, melhores condições e acesso ao conhecimento dos produtos, entre outros.
Sediar o Web Summit no Brasil, que já carrega em seu DNA inventores de grande renome, reproduz em escala as iniciativas de inovação até então restritas aos países desenvolvidos e com dados demográficos bem menos reduzidos, o que permite um rápido e eficiente acesso da população local.
Entretanto, não basta só impulsionar a economia local, com a sede do evento até 2028 no Rio de Janeiro, mas sim estimular as empresas deste ecossistema com financiamento privado e sobretudo público.
O acesso à tecnologia e todo o seu resultado atenua a desigualdade latente na população brasileira, permitindo o acesso à educação, a saúde, entre outros.
Que sejam bem-vindos os investidores, startups, fundos, founders, corporações e pessoas de todos os lugares desse nosso Brasil e do mundo.